O Corpo: templo sagrado
Do profano,
Do reverso,
Do inverso,
Desconexo.
Desalmado.
Corpo-semente.
Um fardo,
Uma pluma,
Um lugar de distração,
Da fatal atração,
Do toque de línguas maledicentes,
Beijos entorpecentes,
Entre falas eloquentes.
Corpo-a(gente).
Território de transposição,
Do sim e do não,
Disforme,
Enforme,
Trans(forme)!
Disputa do inconsciente,
Entre ser (plenamente) e razão.
Inconsequente (mente).
Incoerente (mente).
Inconstante (mente).
Irreverente (mente).
Inebriante (mente).
Corpo-vida
Que fala,
Que vibra,
Que ri,
Que embala,
Que grita e se contorce
De prazer,
De raiva,
De sentir.
O corpo sedento exige:
Que se faça jus ao existir.
Corpo-fluxo.
Que seduz,
No claro ou no escuro,
Que imita,
Se agita,
Que gritaaaa,
Que corre,
Que dança,
Balança,
Que vibra,
Que pulsa,
Ulula,
Que dói,
Que dor!
Corpo-contradição,
(Maledizione)
Que rompe segredos incrustados,
De ódio ou de amor,
Dilacera medos,
Desafia o tempo,
(Tradimento)
Se desloca em seu próprio enredo,
Desemboca em clamor.
O corpo sem corpo
É só mente
Que mente,
Ilusão,
Vazio.
Só vontade do toque ausente.
Apenas saudade do berço potente
Da materialidade que nasce da imaginação.
Simplesmente, é contracepção.