Tocam as trombetas,
E sorrateiramente,
Escancara-se o meu juízo final.
Apocalipse "now".
Vida tal como tragédia grega,
Reflexos de Romeu e Julieta,
O meu bem é agora meu mal.
É o preço do desejo,
Meu pecado capital.
Caiu do céu o arcanjo mais improvável.
Anjo virou o monstro.
Monstro virou o anjo.
Monstro-anjo.
Anjo-monstro.
Sim, aquele menos notável.
Para acolhê-lo,
De repente,
Correndo velozmente,
Surge a songa-monga-canibal,
Antes escondida na fantasia de carnaval.
E no prato expõe a vida que vem vindo,
Sorrindo...
Planejando habitar o meu inferno astral .
Sente o cheiro das agruras do momento?
Prenúncio do desencantamento.
A sangria...
Armadilha!
Perturbações,
Tormentos.
A voz de quem me ama
A exorcisar cruéis pensamentos.
É a morte-vida, margarida,
A adubar o chão,
Com a semente que sente,
Transformando lágrimas em botão.
Assim, novos dias se exibem no nascente,
Para acalmar o meu animal,
Me tirar da monotonia,
Para a leveza da existência,
E a paz espiritual.