quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Ode ao desencamento

Tocam as trombetas,

E sorrateiramente, 

Escancara-se o meu juízo final.

Apocalipse "now".


Vida tal como tragédia grega,

Reflexos de Romeu e Julieta,

O meu bem é agora meu mal.

É o preço do desejo, 

Meu pecado capital.


Caiu do céu o arcanjo mais improvável.

Anjo virou o monstro.

Monstro virou o anjo.

Monstro-anjo.

Anjo-monstro.

Sim, aquele menos notável.


Para acolhê-lo,

De repente,

Correndo velozmente,

Surge a songa-monga-canibal,

Antes escondida na fantasia de carnaval.

E no prato expõe a vida que vem vindo,

Sorrindo...

Planejando habitar o meu inferno astral .


Sente o cheiro das agruras do momento?

Prenúncio do desencantamento.

A sangria...

Armadilha!

Perturbações, 

Tormentos.

A voz de quem me ama 

A exorcisar cruéis pensamentos.


É a morte-vida, margarida,

A adubar o chão,

Com a semente que sente,

Transformando lágrimas em botão.

Assim, novos dias se exibem no nascente,  

Para acalmar o meu animal,

Me tirar da monotonia,

Para a leveza da existência,

E a paz espiritual.

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