sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Aquele estranho íntimo

 Chegada de improviso,

 A galope em raios de luz,

Com abraços e sorrisos,

Com a frequência da rotação do sol,

Seduz!


Em dias de pouca esperança,

Tenho tanto a dizer, 

Tanto a deixar estar.

Tanto a omitir, 

Tanto a viver,

Tímido estranho, muito prazer.


Mistério como mise en scène...

Não sei quem és, 

Tampouco sabes de mim.

O que parece não importar.

Sei que és uma estranha presença agradável,

Que me rouba sorrisos, vontades,

O ar!

Que me faz simplesmente renascer, 

Acordar, 

Desejar, 

Esquecer,

Para o ontem, o amanhã, 

Para a posteridade.


Sinto um confortável silêncio, 

(Quando falar desesperadamente sempre foi um refúgio...)

E ignoro o fato de pouco saber de ti...

Mas muito nunca se sabe!

Sei que há revelações ainda por vir,

Afinal, nos mares abissais de alguém,

Nunca se pode, de fato, navegar.

E, dia a dia, dou-te gotas de mim,

E as tuas recebo, paulatinamente.

Assim, sigo a semear... 

O suficiente para sustentar o nosso coexistir.


Meu estranho íntimo,

Quiçá de onde veio,

Lágrimas que derramou, 

Orgasmos que experienciou, 

Ou desejou,

Os vazios, 

As dores, 

As frustrações, 

Os amores...

As viagens, 

A família, 

Os anos, 

A vida...

O tudo, 

O nada, 

O profundo, 

O mar,

O temor,

O deserto,

 O que sabes, 

O que ainda saberás,

Por onde navegou.

Contudo, ânsia por essas respostas não tenho,

Jamais,

A tua presença me compraz...


Fantasmas, 

Marcas humanas,

Fakenews, 

Fake gente,

Tormento do mundo,

Inconsequentemente.

Inquietações,

Injustiças sociais.

Jeito de ser profundo,

Esferas de um DNA com afetações cardíacas...

Fim do mundo?!

Ilusões reais.

Por um segundo, consigo fugir.

E me escondo no mistério da tua existência.

Hora de reagir.

Viva a ciência!

Sociocibernética.

Poética do avesso do conhecer padrão...

Andar em outra direção,

Na certeza de que olhar você

É buscar conhecer a mim mesma.

Vide, já ouço os sons da revolução!


terça-feira, 25 de novembro de 2025

LA MIA PRIMA PRIMAVERA

Numa primeira, primata, doce, 

Selvagem primavera

Eis a bússola, às avessas, que me desorienta, 

Que me faz perder a estrada, o norte,

Que me rouba também o sul, o leste, o oeste,

Talvez a sorte, talvez mais,

Nem ao menos sei onde estão os pontos cardeais...

Eis o catavento que me cativa e me tira a paz, 

E que me traz a paz, e me traz também a guerra,

Eis o meu jardim colorido, perfumado,    

Banhado por uma nuvem passageira, embriagada, 

De amor, ódio, prazer, alegria e dor,

Tal como a confusa primavera,

Chuva, sol, frio e sereno 

Anunciam o calor do verão...

Eis o beija-flor cujos lábios 

Me fazem acordar de um sonho profundo.

E as pétalas da margarida 

Sofrem mais uma metamorfose,

Antes, lagarta, agora, borboleta...

É o próprio Vesúvio a despertar, 

Ressurgindo com suas lavas quentes, ardentes, 

Para queimar a pele e o coração.


terça-feira, 4 de novembro de 2025

Gemidos

 

Uma leoa,

Camaleoa,

Loba,

Um bicho, 

O bicho,

Voraz flor,

Insaciável, 

Desejo inegociável,

Estendido até o sol se pôr.


Selvagem ser,

Um, dois, oito, dez, quarenta.

Experimenta

Multiplicado ápice do prazer.

Jeito "squisito",

Faminto,

Com grandes presas,

Grunhidos,

Lábios mordidos.

Ecoaaaaaa um grito!

Vairando o amanhacer. 


Voa, voaaaaa... ✓

Transcende o além.

Aguenta!

Não para, 

Devora! 

A tara?!

Amém!


Pariu a si mesma.

Depois do desmonte,

Mulher-primavera brotou,

Na flor da idade,

Botão da mocidade,

Conselho ancestral...

Testemunhou.


Fim de uma era,

Dentro da esfera.

Depois da morte, 

Mudou a sorte,

Assim, a vida se (re)fez.

A fera com tinta,

Adrenalina, 

Dedos,

Luxúria,

Com as mãos,

Deu adeus à escassez.


A mulher bicho segue o faro,

Caminha conforme as próprias leis,

Nasce para a luz.

Seduz,

Foge do vale da insensatez.


Expulsa a solidão que ronda,

Fura a fúria das ondas,

Liberta o pulsar do calabouço,

Mergulha na abundância do poço,

Renuncia ao vale das sombras.