quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Brotar do chão

Renasço da China

Das cinzas, 

Do estado da alma vagante,

Renasço do amor,

Renasço da dor,

Da esperança que grita,

Que arde,

Do tormento, 

(Falso) Alarde,

Do futuro que espera, 

Que nasce,

Persevera,

Diante da tua retina,

O horizonte me parece escarlate,

Em forma de arte, 

A arte de viver e celebrar:

O que morre, 

O que nasce,

O que tem sumonde vida,

Respira,

O que escorre por entre os dedos,

O desejo de encontrar tesouros escondidos,

Perdidos no tempo,

Ver a beleza no que parte.


Com limão, a limonada,

Com as cinzas, 

O substrato que revigora,

Que me faz brotar do chão. 

Tocar a pele da vida

 Basta comunicação a distância,

Overdose de informação,

Quero descontectar-me do mundo,

Desatar os nós dessa rede,

Olhar o meu eu mais profundo.


Usufruir deste campo de visão,

Por entre as paredes,

Do horizonte que visualizo,

Eternizo.

Passear pelo universo que me enrosca, 

Livre, selvagem, paralelo, 

Passar pela porta,

Apreciar o belo deste mundo que me sorri.

Quero a pele da vida tocar.


O lugar que sempre quis estar é aqui,

É assim que desejo existir,

Olhar pela janela e ver a vida toda, toda ali, 

Acontecer diante de mim,

Ahhhhhhh!

De olhos abertos agora consigo ver-sentir-me.

sábado, 13 de dezembro de 2025

Incendiarius

Te desejo incessantemente,

Contigo quero me libertar,

Te quero de forma inconsequente,

Já me sinto navegando em teu mar.


Daqui te abraço,

Te entrelaço,

Te amasso,

Desejo transcende a imaginação.

O teu doce sorriso me acende,

Incendeia,

Colore o meu coração.


De repente me ponho atrevida,

Voz que me excita,

Quero do teu vinho beber,

Com o teu corpo saciar a minha sede,

Balançar-te em minha rede,

Provar teu fervoroso prazer.


Fica comigo esta noite,

E na dança do acasalamento,

Faz-me tua,

Faço-te meu.

Quebremos o "schermo",

Atravessemos o buraco negro,

Desafiemos o espaço-tempo,

Tudo pelo prazer.


Então... beijemo-nos,

Abraçemo-nos,

Devoremo-nos,


E a vida, 

Que sempre esteve à nossa espera, 

Compõe notas ardentes,

E põe-se a cantar.

É o início de uma nova era

Eu, tu; tu e eu = nós.

Despidos do medo de amar.




sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Aquele estranho íntimo

 Chegada de improviso,

 A galope em raios de luz,

Com abraços e sorrisos,

Com a frequência da rotação do sol,

Seduz!


Em dias de pouca esperança,

Tenho tanto a dizer, 

Tanto a deixar estar.

Tanto a omitir, 

Tanto a viver,

Tímido estranho, muito prazer.


Mistério como mise en scène...

Não sei quem és, 

Tampouco sabes de mim.

O que parece não importar.

Sei que és uma estranha presença agradável,

Que me rouba sorrisos, vontades,

O ar!

Que me faz simplesmente renascer, 

Acordar, 

Desejar, 

Esquecer,

Para o ontem, o amanhã, 

Para a posteridade.


Sinto um confortável silêncio, 

(Quando falar desesperadamente sempre foi um refúgio...)

E ignoro o fato de pouco saber de ti...

Mas muito nunca se sabe!

Sei que há revelações ainda por vir,

Afinal, nos mares abissais de alguém,

Nunca se pode, de fato, navegar.

E, dia a dia, dou-te gotas de mim,

E as tuas recebo, paulatinamente.

Assim, sigo a semear... 

O suficiente para sustentar o nosso coexistir.


Meu estranho íntimo,

Quiçá de onde veio,

Lágrimas que derramou, 

Orgasmos que experienciou, 

Ou desejou,

Os vazios, 

As dores, 

As frustrações, 

Os amores...

As viagens, 

A família, 

Os anos, 

A vida...

O tudo, 

O nada, 

O profundo, 

O mar,

O temor,

O deserto,

 O que sabes, 

O que ainda saberás,

Por onde navegou.

Contudo, ânsia por essas respostas não tenho,

Jamais,

A tua presença me compraz...


Fantasmas, 

Marcas humanas,

Fakenews, 

Fake gente,

Tormento do mundo,

Inconsequentemente.

Inquietações,

Injustiças sociais.

Jeito de ser profundo,

Esferas de um DNA com afetações cardíacas...

Fim do mundo?!

Ilusões reais.

Por um segundo, consigo fugir.

E me escondo no mistério da tua existência.

Hora de reagir.

Viva a ciência!

Sociocibernética.

Poética do avesso do conhecer padrão...

Andar em outra direção,

Na certeza de que olhar você

É buscar conhecer a mim mesma.

Vide, já ouço os sons da revolução!


terça-feira, 25 de novembro de 2025

LA MIA PRIMA PRIMAVERA

Numa primeira, primata, doce, 

Selvagem primavera

Eis a bússola, às avessas, que me desorienta, 

Que me faz perder a estrada, o norte,

Que me rouba também o sul, o leste, o oeste,

Talvez a sorte, talvez mais,

Nem ao menos sei onde estão os pontos cardeais...

Eis o catavento que me cativa e me tira a paz, 

E que me traz a paz, e me traz também a guerra,

Eis o meu jardim colorido, perfumado,    

Banhado por uma nuvem passageira, embriagada, 

De amor, ódio, prazer, alegria e dor,

Tal como a confusa primavera,

Chuva, sol, frio e sereno 

Anunciam o calor do verão...

Eis o beija-flor cujos lábios 

Me fazem acordar de um sonho profundo.

E as pétalas da margarida 

Sofrem mais uma metamorfose,

Antes, lagarta, agora, borboleta...

É o próprio Vesúvio a despertar, 

Ressurgindo com suas lavas quentes, ardentes, 

Para queimar a pele e o coração.


terça-feira, 4 de novembro de 2025

Gemidos

 

Uma leoa,

Camaleoa,

Loba,

Um bicho, 

O bicho,

Voraz flor,

Insaciável, 

Desejo inegociável,

Estendido até o sol se pôr.


Selvagem ser,

Um, dois, oito, dez, quarenta.

Experimenta

Multiplicado ápice do prazer.

Jeito "squisito",

Faminto,

Com grandes presas,

Grunhidos,

Lábios mordidos.

Ecoaaaaaa um grito!

Vairando o amanhacer. 


Voa, voaaaaa... ✓

Transcende o além.

Aguenta!

Não para, 

Devora! 

A tara?!

Amém!


Pariu a si mesma.

Depois do desmonte,

Mulher-primavera brotou,

Na flor da idade,

Botão da mocidade,

Conselho ancestral...

Testemunhou.


Fim de uma era,

Dentro da esfera.

Depois da morte, 

Mudou a sorte,

Assim, a vida se (re)fez.

A fera com tinta,

Adrenalina, 

Dedos,

Luxúria,

Com as mãos,

Deu adeus à escassez.


A mulher bicho segue o faro,

Caminha conforme as próprias leis,

Nasce para a luz.

Seduz,

Foge do vale da insensatez.


Expulsa a solidão que ronda,

Fura a fúria das ondas,

Liberta o pulsar do calabouço,

Mergulha na abundância do poço,

Renuncia ao vale das sombras.

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Ode ao desencamento

Tocam as trombetas,

E sorrateiramente, 

Escancara-se o meu juízo final.

Apocalipse "now".


Vida tal como tragédia grega,

Reflexos de Romeu e Julieta,

O meu bem é agora meu mal.

É o preço do desejo, 

Meu pecado capital.


Caiu do céu o arcanjo mais improvável.

Anjo virou o monstro.

Monstro virou o anjo.

Monstro-anjo.

Anjo-monstro.

Sim, aquele menos notável.


Para acolhê-lo,

De repente,

Correndo velozmente,

Surge a songa-monga-canibal,

Antes escondida na fantasia de carnaval.

E no prato expõe a vida que vem vindo,

Sorrindo...

Planejando habitar o meu inferno astral .


Sente o cheiro das agruras do momento?

Prenúncio do desencantamento.

A sangria...

Armadilha!

Perturbações, 

Tormentos.

A voz de quem me ama 

A exorcisar cruéis pensamentos.


É a morte-vida, margarida,

A adubar o chão,

Com a semente que sente,

Transformando lágrimas em botão.

Assim, novos dias se exibem no nascente,  

Para acalmar o meu animal,

Me tirar da monotonia,

Para a leveza da existência,

E a paz espiritual.

terça-feira, 12 de agosto de 2025

O colecionador de mágoas

Por que colecionar miniaturas, 

Brinquedos antigos,

Copos, 

Pedras, 

Taças, 

Camisetas,

Sapatos,

Tranqueiras,

Itens vazios?

Me dá arrepios!

Coleciono mágoas.

Perdão é da boca pra fora,

E sem demora, acredite, a justiça virá!

O mundo precisa ser correto

Como correto sou.

Sem alienação,

Corretamente a minha mãe me criou,

Na perfeição,

Por isso, de antemão, te aviso:

Sem traição!

Na contramão não há perfeição.

Nem me perdoo, porque te perdoaria?

De nada adiantaria.

O pau que é torto, torto será.

Tudo, tudo, tudo, dizem eles que passa,

Mas a sua penalidade não passará.

Conte com a minha ira,

Ela é tão fria e vem a galope, 

Meu bem.

Não peça para ser o meu mal,

Nunca serei teu igual,

Sente?

Já está assando a tua batata.

Junto ao pão que o diabo amassou.

terça-feira, 29 de julho de 2025

Breu

 A vida sem você é breu,

Vazio,

Escuridão,

Solidão,

Noites atravessadas,

Mal dormidas,

Desacordada.

Desamparada.

Você mora no silêncio,

Nas lágrimas contidas,

Abafadas,

No vale das cinzas desvalidas,

Escondidas,

Na minha incoerência,

Na saudade desvairada,

Marejada.

Você é a minha ciência,

Intorpecência,

Razão de suspiros,

Da ausência de paciência.

Eu sou teu, 

Você é meu.

Sem você a vida é breu.

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Sobre corpos, corpas, corpes

O Corpo: templo sagrado 

Do profano,

Do reverso,

Do inverso,

Desconexo.

Desalmado.


Corpo-semente.

Um fardo, 

Uma pluma,

Um lugar de distração,

Da fatal atração,

Do toque de línguas maledicentes,

Beijos entorpecentes,

Entre falas eloquentes.


Corpo-a(gente).

Território de transposição,

Do sim e do não,

Disforme,

Enforme,

Trans(forme)!

Disputa do inconsciente,

Entre ser (plenamente) e razão.


Inconsequente (mente).

Incoerente (mente).

Inconstante (mente).

Irreverente (mente).

Inebriante (mente).


Corpo-vida

Que fala,

Que vibra, 

Que ri,

Que embala,

Que grita e se contorce

De prazer, 

De raiva,

De sentir.

O corpo sedento exige:

Que se faça jus ao existir.


Corpo-fluxo.

Que seduz, 

No claro ou no escuro,

Que imita,

Se agita, 

Que gritaaaa,

Que corre,

Que dança,

Balança,

Que vibra,

Que pulsa,

Ulula, 

Que dói,

 Que dor!


Corpo-contradição,

(Maledizione)

Que rompe segredos incrustados,

De ódio ou de amor,

Dilacera medos,

Desafia o tempo,

(Tradimento)

Se desloca em seu próprio enredo,

Desemboca em clamor.


O corpo sem corpo 

É só mente

Que mente,

Ilusão,

Vazio. 

Só vontade do toque ausente.

Apenas saudade do berço potente

Da materialidade que nasce da imaginação.

Simplesmente, é contracepção.

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Luto

Sem ti 

Só há vazio.

É breu,

É fel,

É vácuo,

Descompasso.

Transmuto-me em zumbi 

A vagar sem direção,

Sem um porquê,

À mercê da rotina,

Sem adrenalina.

Tudo é dor.

Por favor, morfina!

Aaaaaaaaa...

Meu amor?

domingo, 9 de março de 2025

Próximo passo


Espectros de nós,

Sintomáticos,

Polissomáticos,

Psicossomáticos,

Estereótipáticos,

Rizomáticos,

Microscópicos,

Impermeáveis...

Vou esquecer um pouco de você,

Lembrar mais de mim,

Poder ser assim?

Te deixo ir,

Ficarei por aqui 

Com nossas doces lembranças 

E aquilo que me deixou de melhor.

Seguirei a vida

Procurando saídas 

Curando feridas

Me redescobrindo 

Me regenerando

Me reanimando 

Me reconectando

Com o meu eu mais profundo.

Vou sair por aí, pelo mundo...

terça-feira, 4 de março de 2025

Bem-me-quer

Bem-me-quer um bem danado,

Bem-te-vi,

Cavalo alado.

Sorri,

Elefante branco,

Estampado nas profundezas

Dos olhares vívidos,

Ávidos,

Sedentos,

Cálidos.

Véu de renda que atravessa a ponte,

Caminha à fonte dos prazeres,

Por misteriosos montes...

E visita o indesejado mausoléu das desilusões.

Enfim... Chegada à caverna labiríntica.

Receita diária de cada dia.

17-09-2010

De repente, a vida

Sentes?

O silêncio ao invés do caos...

A constelação que se rearranja.

A surpresa do inesperado.

O movimento de naus 

[que vão e que vêm].

A serenidade no lugar do medo. 

Da escassez da inspiração,

Gotas de emoção serenizam a dor.

Na revelação de novos mundos,

A poesia se transmuta em esperança...

Vês? 

A dança de novos ares,

De corpos errantes entre mares.

É o amor glacial que pulsa,

Nas veias de icebergs.

Vibra Pacífico no frio

Do vasto leito oceânico,

Que se eterniza ao se dissolver

No Atlântico tropical

E em suas paisagens líricas,

Oníricas,

Enigmáticas.

Onde moram os empíricos saberes,

Curandeiros de feridas.

E numa viagem contínua,

Pelos confins do mundo,

Um sussurro ancestral

Se faz ouvir...

Enquanto vaga pelo Mediterrâneo profundo,

E pelo mar que nunca foi morto.

Antes, navio adormecido no porto.

Hoje, ancorado na mais viva 

Vontade de sentir a vida que vibra

De novo. 

Prontos para a partida...

E a viagem (re)começa. 


17-09-2010

sábado, 1 de março de 2025

Viver sem você

Agora só há silêncio,

Jaz a ansiedade

Da pressão pelo desejo,

Só o vazio...

Meio coração...

Saudade.

Talvez a condição justa,

O estado ideal.

O ruído se foi com você, 

Contudo, é difícil desfrutar a vida sem a sua presença.

Quem sabe encontrarei sentido 

Em outros abraços, 

Beijos,

Quem sabe ainda haja desejo,

Quem sabe ainda haja sonhos,

Ou mesmo desilusões.

É difícil respirar sem você por perto,

Você está no tempero da comida que faço, 

No mercado,

Na feira livre,

Em meu porta-retrato (ainda),

Na decoração da cozinha e do meu quarto,

No cheiro da cama, mesa e banho,

Nos meus projetos,

Nas lágrimas que ainda encontram forças para gotejar.

Ressurgir: poema inacabado

 Um fio com caixas, 

Medos e dores,

Sem segredos...

[Espalhados por todos os lados]


A lágrima não cai,

A dor não se esvai,

Permanece aqui, congelada,

Mas viva, 

Não se desfaz.

Embora agora melhor do que foi.

A fênix renasce da China,

Em meio ao caos, cinzas.

Readaptar-se a si mesma,

Dias doloridos,

Dias mais brandos...

Maltrapilhos...

Ainda me sinto perdida, 

Uma horas dessas me encontro,

Me reencontro,

Me desencontro de novo,

Mas saberei como voltar.

Estou com as rédeas,

Com as regras,

E com a solidão.


Um dia, dois dias,

Sessenta dias sem você,

Sem o seu abraço quente,

Seu sorriso envolvente...

Sem tudo aquilo que 

em você é sexy:

Seu sinal no canto da boca,

Sua mordida de lábios,

Sua anatomia,

Seu cheiro,

Seus cabelos que já não existem...

domingo, 2 de fevereiro de 2025

DIREÇÃO

Pena, 

Apenada, 

Penalizada,

Vida bela, 

Castigada,

A castigar.

Eu cá dentro dela, 

Martirizada,

A decidir rumos para tomar.                                                                                      


03/03/2019

IN CONTINUUM: SEM TI

Mais uma noite a interromper o rito,

O grito,

O desejo,

O canto.

Em prantos!


Mais uma noite e o meu sangue pulsa,

Soluça,

Em busca do teu corpo,

Da tua existência agressiva, 

Selvagem.

Navegar eu preciso.

Bússola?


Mais uma noite oculta,

Por entre vasos sanguíneos,

E batimentos cardíacos. 

Na pouca luz da noite,

Uivos silenciosos

Exprimem-se entre paredes.


Mais uma noite de espera

[Esposa, 

Noiva, 

Menina, 

Mulher] 

Por ti.                                                                                                                       

18/05/2019

DEMASIADO DESPERTAR

O sino da meia-noite sugere a hora de dormir,

Mas Cinderela insiste em ficar,

Esperar, 

Nada de partir.

Sonha em ser a mulher dos teus desejos,

De encher-se-te de beijos, 

Desnudar-se-te,

Entregar-se-te,

Gozar de ti e em ti,

Na dança do desejo te conduzir,

Consumir-se de ti.


Orgasmos!?

Não, marasmos.

Pobre carente Cinderela...

As badaladas assustam, atordoam.

Mas amanhã se trabalha, 

Vem a batalha.

O leito vos espera,

Para uma aconchegante noite quente,

Sob lençóis límpidos e calmos,

Na primavera.


Amanhã quem sabe, menina, 

Vem o príncipe-anjo,

Com o outro sapatinho de cristal,

A teu nome ulular

E possa-se, enfim, praticar,

A dança dos corpos errantes.

                                                                         

02-04-2019

NA CALADA FRIA DA NOITE

 

É meia-noite, e você dorme...

Adormeceu ao simples toque do meu rosto.

Sou eu uma fábrica de sonolência?

Hoje é sábado, 

Mas poderia ser domingo.

Dia lindo!

Paciência...


Estamos sós, 

É o nosso aniversário,

Acabamos de nos casar.

Como posso celebrar?


Só sinto o cheiro da sua ausência,

Do seu cansaço, 

Do seu olhar impotente,

Compadecido...

Meu doce mais que belo adormecido.


Não me satisfaz somente... 

O seu lindo e cuidadoso amor puro e fraternal.

Queria também algo carnal,

Acalmar o meu animal.

Sente?

Eu velo o teu sono,

Enquanto grito e sangro por dentro,

Implorando que me olhe, 

Em busca do teu prazer ausente.


Quero te receber como prêmio

Consolação não.

Queria você por inteiro,

Até os meus dias derradeiros


Quero suar sem ter medo, 

Ser teu prazeroso cansaço, voraz.

Despertar o teu extinto,

Segredo!

A tua força masculina,

Provar dos teus sais.

Quero a tua energia me energizando,

Agora estou sem forças, 

E só você poderia me salvar...


25/02/2019

AMÁLGAMA

 More em mim, esteja em mim,

Alimente-se de mim, viva em mim,

E nada me faltará, estarei completa.



03/03/2019

BENDITO SEJA

Benditas sejam as tuas mãos,

Quando me tocam.

O teu corpo, 

Quando me aquece.

O teu abraço,

Que me fortalece.

A tua língua,

Quando me acaricia.

Benditas sejam as tuas pernas,

Quando me prendem.

Os teus lábios,

Quando me dão prazer,

E viajam por meu corpo sedento,

Sedento corpo, 

Carente corpo,

Ardente corpo.

Bendito seja o momento em que decides

Que posso ser a tua mulher,

E teu o corpo é aquele que me dá prazer, 

Que me leva sensações de vazio,

E de preenchimento.

Bendito seja o teu desejo por meu seio,

Por minha boca, 

Por meu cheiro.

Bendito seja a tua presença,

O teu olhar desejoso,

O ar que respira, 

O teu aconchego,

O teu beijo,

Bendita seja a tua existência...

03/03/2019

sábado, 25 de janeiro de 2025

DIA APÓS DIA

Dia após dia, o amor tornava-se crise,
Eu me sentia mais triste,
Faltava sentir emoção.

Dia após dia, (h)a falta de sentimentos,
Não tinha o calor do momento,
Ia dormir sem paixão.

Dia após dia, desejo em terceiro plano,
Distância de um oceano,
Almas em separação.

Dia após dia,
Segundos, minutos e anos,
Danos, projetos insanos,
Enganos, promessas em vão...

SIAMESES

É estranho estar em qualquer lugar,

Onde você não está.

Quem dera ser onipresente,

Para sentir o teu cheiro, 

Teu corpo quente,

Sempre, sempre que dá.

Vício. MEU. É. TU. 

Maldito ou bendito?


As redes telemáticas 

Não suprem tamanha demanda.


Contigo... Comigo

Dois corpos de carne e de espírito 

Atravessam as leis da física, 

Ocupam o mesmo espaço,

Comem no mesmo prato,

Provam do mesmo sabor,

Sentem cheiros de suor e sangue,

Da vida,

Perfumes de amor...


Quando e onde desencadeou-se 

O desencontro desse emaranhado de nós?

Em que atos e fatos

Escapou o desejo de provar das delícias 

De existirmos de corpo e alma para o outro?


Usufruir da tua presença íntegra 

Tem sido a minha causa,

Que já atravessa décadas,

A causa do meu pranto,

De transpor os muros da loucura,

Da ânsia de amor que grita em mim.


Sigo em busca de tua reação,

Sem razão, sem pesar,

Sem pensar,

Luto pelo sentir,

Inegociável sentir,

Em ti, com ti, sem ti tudo parece vazio,

Terreno da incompletude,

Abrem-se as portas do partir.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

VIA SACRA

Primeira estação 

Forças se esvaem..

Sonhos vêm, vão, varrem...

Varremos roupas, cama, mesa e banho,

In locus, nullus locus,

Andarilhos...


Segunda estação 

Varamos a madrugada pelos cantos...

Choramos mais que o chuveiro em prantos.

Pratos?

Não nos servem mais,

Só incerteza... 

Imploramos por paz!

Divagamos, devagarmente...

Normais? 


Terceira estação 

A- m - o - r.

D-e-s-a-m-o-r.

Cara ou coroa.


Há caos, há dissabor, há dor...

Impermanência,

Amargura em flor.

Uma margarida murcha,

Esdrúxula,

Uma flor sem pétalas e caules... 

Sem raiz,

Nascem espinhos no ninho...


Quarta estação 

Centro de gravidade descentralizado,

Hormônios desarmonizados,

Tic-tac do tempo...

Toc-toc da porta...

Pressão por decisão...

Razão? 


Os dias são longos,

Entorpecentes... 

Sem noites de descanso,

Calmantes em meio a tormentas.

Dormentes...

Corpo e mente... zonzos, doentes.

Quem cala consente?


Quinta estação 

Cada parada, um pranto...

Santa Via Sacra, segue lenta, lentamente.

Folhas secas, cinzentas...

Amargura que se sustenta...

Queda de braço interior:

Desejo de ir, ímpeto de ficar...

Por amor?

Por vício?

Dependência?

Carência?

Fôlego curto, 

Aguenta! 

Cabeça e coração implodem.

Para onde ir?

Qual a próxima estação?

10/09/2024

UM SEGUNDO POR MIL NOITES

Troco gotas de suor 

E chuva de lágrimas 

Por suspirosssss ushhhhh,

Gemidos inofensivos siiiii...

Beijos infindos.. 


Eu quero amorrrrrr.

Eu quero um amor

Que explore as minhas energias,

Extrapole fantasias,

Na orgia da divina arte do sentir,

Na linha tênue com a dor...


Eu quero, amor!

Um sopro que me regale a gota serena do orvalho,

Que tão logo me transporte da madrugada gélida para o calor,

Que me penetre os poros com sussuros

E chacoalhos, 

Incansavelmente me faça exaurir,

Ao escalar montanhas e muros...

E a minha mais bela versão parir...


Eu quero provar do agridoce sabor,

Da mordida ardida do beijo,

Deixar viver os meus extintos, 

Perder-me em transe, nesse doce vigor.

Que faça dançar e cantar a flor [do desejo]!

Amorrr...

Que o seu canto ecoe aos quatro cantos...

Da terra, do céu, de galáxias impenetráveis,

Retumbantes!

Que mil beijos me façam morrer e renascer.

Que a multiplicidade do prazer

Seja morada do existir!

Amém!

LASCIARSI ANDARE

 Il perdono fa rinascere,

Perdonare lascia vivere

Quello che ha ancora sete di vita

E fa morire ciò che tormenta e fa male.


Perdonare vuol dire lasciar stare, 

Lasciar(si)e andare, 

Lasciar(si)e amare.

È cercare di vivere in pace...

Liberarsi del peso

Di fare e volere punire.


Perdonare cura, salva, libera.

È la strada della redenzione:

Guarda le porte aperte!

È un soffio di tenerezza:

Ascolta la canzone!


Ma non vuol dire dimenticare,

Bensì girare la pagina di un capitolo.

Si soffre ma poi si lascia andare, 

Si lascia stare.

Anche perché i disagi li hanno solo coloro che vivono.


Il perdono va alla ricerca del nuovo,

Di altre emozioni, altre complessità.

Spaventa il dolore

Che sembrava infinito

E porta altre colore a un cuore ferito.

Perdonare è farsi del bene... 

È scegliere sé stessi...

06-01-2025 - Itália 

JA-MILLE


Sorriso expandido, sincero,

Doce meiguice, mio esmero,

Projeção do arco-íris em minha retina,

Prenúncio do anoitecer, adrenalina.


Minha aquarela cacheada,

Afago do amanhecer,

Fac-símile do sol, 

Da fauna e da flora, esverdeada.

Meu universo intergaláctico,

Pleno de coisas estranhas e curiosas,

Fantástico!


Vamos que vamos!

Vamos colorir o mundo

Com os teus rastros!

Sigamos os ares dos teus passos,

As linhas dos teus rabiscos e tracejados,

No calor dos teus abraços,

Na melodia do teu canto afinado.


Minha menina...

Linda, linda da dinda,

Quero sempre te ver dançar, 

A girar, embalar a vida no teu ritmo, traquina,

Como uma borboleta ululante, 

Leggera, 

Malinaz, 

Flutuante,

[Faceira],

Meu diamante...

No baile da vida a rodopiar,

A conquistar terra, rios, alto-mar.

Fronteiras a atravessar.


Mille una volta a desfilar,

Nos desfiladeiros das descobertas do existir, 

Que seja espelho do sentir...

Assimile, sinta o perfume,

Da existência livre, leve, breve,

Respireeee...

Vibre...

Seja a luz que reluz nas estrelas!


Sorria e sinta o cheiro do mundo,

Que é todo teu,

Tão fecundo,

Que te estende a mão:

Imagem e ação da tua imaginação.

Avante!

Siga a tua intuição.


Que o tempo, esse acelerador de partículas,

Potencialize as tuas potências,

Te ensine com paciência,

Dê asas às tuas emoções,

Te faça crescer e acontecer pelo mundo,💜 

Mas mantenha a tua essência,

No sentido mais profundo.


Que o sagrado te acompanhe, 

Te acolha, te guie, te guarde,

Em momentos fugazes,

E ou de introspecção.


Quanto a mim, estarei neste cais,

A ancorar os teus desejos,

Sonhos, medos, lampejos,

Bem aqui, para quando quiser regressar.

Dance e voe, minha rosa, continue...

E quando a luz do dia acalmar, descanse e tenha bons sonhos.

24-12-2024