quarta-feira, 7 de maio de 2014

PINGOS DE VERSOS

Pingos de versos são gotas de inspiração,
Derramadas num simples papel em branco,
São apenas rascunhos,
Rabiscos de pensamentos livres,
Um vômito errante,
Inocentes sentimentos,
São lágrimas incessantes,
(Que inconformam o poeta).
Pingos de versos são setas sem destino
Que sobrevoam um mundo ideal,
Retratos da imaginação de poetas imaturos,
Que perderam a razão.
São sonhos desperdiçados,
Que jorram da subjetividade,
São desejos reprimidos,
Reivindicação da falsa castidade.
Pingos de versos são simples palavras,
Desgastadas pela aderência do grafite no papel.
Porém, são a moeda do poeta,
Enriquecem e aliviam a alma,
Denunciam,
Un brindisi alla poesia!

ETERNA ESPERANÇA

Um amor quase aconteceu,
Na luz ou em meio ao breu,
Sonhei que podia te alcançar,
Guiada por aquela luz emitida,
No entanto, esqueci-me:
A visão que se tem do céu
Pode ser o brilho de astros que jazem,
Em suas devidas constelações
Mas desistir não é intenção,
De um corpo cujo sangue ainda pulsa,
Nas veias que mantêm o sopro da vida.
Então, caminhando por uma estrada,
Que parece não ter fim,
Busco o brilho perdido daquela estrela,
Com a esperança de seguir
Até o último feixe de luz
Que me leve à sua imagem.


RUPTURA

Um passo, o calafrio.
Um desejo, o vazio.
Duas mãos, a ausência de forças.
Dois corpos, a impotência sentimental.
Duas bocas, a sede por um beijo.
Diante de tudo:
Uma estrada e duas avenidas,
Que separam o que viria a ser um só destino.

"DESIDERIO"

O desejo aparente vem das profundezas,
De uma boca ardente, quente,
Ansiosa por trocar fluidos de energia orgânica,
Reminiscente de um sentimento que ainda está,
E grita de longe, se ouve o ruído,
Como um brilho eterno de uma estrela,
Aparentemente morta no universo.

SE "VÃO-SE OS ANÉIS"...

Distantes, diferentes, contraproducentes.
Contudo, álibis desejosos, aliados cálidos.
Entre mim e ti habitam olhares alados, Inebriados,
Vive o sorriso e a semelhança humana 
Desejosa por um beijo.
Uma poesia caleidoscópica.
Uma ilusão desmedida, inocente,
Macroscópica.
Imersa em vibrações destemidas, 
Descaradas,
Escancaradas!
Encalhadas.
Ah! A nossa linguagem...     
Uma fonética criptografada numa química viva,
Num querer bem que não se explica,
Que cresce ininterruptamente sem rima.
Entre galhos, cactus e fatos de nós,
Emerge sempre um dolce pensiero dolce.

... Que fiquem os dedos!

FUGACIDADE

Rio no vazio, pseudo vazio,
Mantém as lacunas do “arrivo” [no frio],
Espaços óbvios,
Atitudes previsíveis,
Afetos marcados
Na meia luz da rotina.
Chegada e quase conquista,
Seguindo traços bipolares,
[A partida].
Mudou!
Sol, lua...
Cara, coroa
Em casa, na rua,
Da rua para os lençóis.
Dos lençóis para a rua.
O dia chegou!
O sol clareou reluzente.
A dama lua se foi à francesa,
Levando consigo o olhar de sedução,
A boca que beijava quente,
Agora deseja unicamente:
Bom dia, boa sorte!

Eis os estranhos num ninho,
Outrora, ardente, forjado de amor,
Que agora aqui jaz, na paz.

Alice no país das Maravilhas [ou ilusões?].
Frieza estimada da tumba: 10 ºC.
O instante permeia o bom senso.
Pois a orientação:
Tomar a direção oposta do vento,
Ou nadar com a maré, contra o tempo.

O olho no olho desintegrou-se,
Agora são relíquias de impressões digitais
Que os corpos trazem em si,
Pelas trocas fecundas de carícias.
Se as trilhas se cruzam,
Entrelaçadas pelo acaso,
Do planeta e suas órbitas giratórias,
Será necessário dizer:
Boa noite, muito prazer!
Haverá, certamente,
Uma simples sensação de déjà-vu.

RITMO PAULISTANO

A vida passa,
Caminha adiante,
O bonde para,
Siga, suba, “davanti”!
Lá adiante tem outra estação,
Mais uma "fermata",
Parada solicitada,
Estação Brás, Luz,
Corre, corre,
Gente, gente,
Retrô,
Muitas vidas, metrô,
Muitos pés, muitas lutas.
Anas, Josés e Marias querem entrar,
O difícil é voltar.
Pedros, Franciscos e Isabéis
Cabeças, mãos e pés,
Dissolvidos no anonimato, razão.
Não, para maquinista!
Eles querem entrar.
Tic-tac-toc-toc, respiração,
Os perfumes se confundem.
Sinta!
Estão no ar... Azzaro, Armani,
Dior, Avon, suor...
Agora tudo: um cheiro só,
Dez, nove, oito, sete, seis...
Num piscar, eu sei.
Fecham-se as portas.
Cinco, quatro, três, dois, um,
Tum!!!!!!
Quem saiu, saiu.
Feliz ou infeliz de quem entrou,
E ocupou o vazio daqueles vagões,
A qualquer hora pode haver surpresas,
Mistério entre mundos,
Filosofia vã.
Sentar-se no divã talvez seja a melhor saída.

PREFIRO ASSIM

Prefiro poder sorrir sem dizer o porquê,
Chorar e para sempre esquecer,
Andar sem dar conta dos passos,
Respirar sem dizer qual o ar.
Prefiro me multiplicar,
Ser o personagem principal
Da minha imaginação,
Mesmo que eu não tenha razão,
Ser o ator principal
Da novela da minha vida,
Sem ter que dizer a ninguém,
Falar sem ter que medir,
Chorar sozinha e sentir
Amargura, alegria ou saudade
Opto pela liberdade!

PERFUME DE VIDA

Numa tarde de sábado, 
Entre flores, folhas e sonhos,
Entre a vida que nos faz seguir adiante,
Numa realidade tão distante,
Numa jornada inconstante,
Eu via você entre os meus dedos.
Era o nosso passeio num jardim da cidade...

E os nossos desejos e tantas feridas estavam ali,
Em meio aquela gente e tantas orquídeas,
Que pouco a pouco conhecíamos os seus nomes,
Suas novas espécies e cores,
E os seus perfumes, 
Os seus estranhos odores.
All'improvviso, veio a chuva e o vento,
Que nos deixou tão distantes,
Estranho lamento...

E a tarde de nós, os amantes, 
Terminou sem um beijo.

PALAVRAS E PALAVRAS - AUTOBIOGRAFIA

Amores, objetivos,
Poesias, angústias
Mar, ar, respirar
Beijo perdido
                    [ardido, ardente]
Sussurros, suspiros
Desilusão, solidão;

Porta se abre,
Janela se fecha,
Nervos fervidos,
Coração ferido,
                  [falido, partido]
Vazio da multidão, ingratidão,
Imperfeição,
Amor, dor,
Dor, amor;

Saída, ida,
Retrocesso, excesso,
Andar, parar, voltar,
Amar, chorar, amar;

Sorrir, sentir,
Calor, cobertor, temor,
Flecha de inveja que destrói,
Ilusão que corrói,
Luxo, perfume, vazio,
Rio,
Rio de Janeiro,
“Fevereiro e março”,
Rio de lágrimas, rio da morte,
Rio da sorte, rio da vida.
Vida!
Partida, ferida...

Esperança, pequena criança,
Lágrimas de desespero, solidão,
Comunicação,
Primeiro amor, dor,
Busca incessante,
Trabalho, conhecimento,
Trabalho,
Juventude?!

Vislumbrar sonhos,
Viagens, cultura,
Abrigo, família,
Sucesso, sanidade,
Felicidade!

MISTACUORE


Procura-se por um coração sincero,
De carne e sangue vivo,
Em seu lugar, deixaram uma pedra,
Rústica, bruta, insensível e fria.

A sua pedra invisível
Magoa o meu músculo afetivo pulsante.

Basta! Game over! Adio!
Escolho seguir adiante
Do que a angústia
De ouvir a verborrágica avalanche
Dos seus discursos vazios e mitológicos,
Sem promessas [eu tenho pressa],
E de degustar o calor fugaz e excitante,
Do cálice de vinho tinto que me oferece.  


HOMEM: SUICIDA

Raça humana racional, 
Célebre, venerável, moral...
Não...
Corrosiva, estúpida,
Raça de antíteses,
Faz questão de destruir-se,
Extinguir-se,
Consumir-se.

De guerras
A Terra destrói,
Homem-bicho,
Bicho-da-seda, não,
Bicho da morte, da ambição,
Hormônio da desgraça.

Ó... dio
             M... orte
E... nclausura

Nativo da cinzenta fumaça,
Ela é teu fim!

Homem-suicida
Que consome sonhos e vidas.

Eu, nós, vós,
Nascemos do mesmo cortejo,
Bebemos do mesmo leite,
Da fúria, da vingança.

Ser estúpido, delinquente,
Vítima da praga da mãe natureza,
Não honras ser imagem e semelhança divina,
Carregas maldição de Deus e do Diabo.

A PAZ DE VOCÊ EM MIM

Desejo olhar o seu sorriso,
Beijar os seus olhos,
Estar no paraíso da sua presença,
Cuidar dos seus dias,
Amansar o seu caráter, às vezes arisco.
Sentir a sua alma dócil e frágil, eu preciso!
Eu ficaria se me pedisse,
Eu deixaria se me dissesse,
Eu sorriria se te desse prazer...

Bastaria meia palavra!

VIVA A HIPOCRISIA!

Vivam às anedotas contadas por minha avó!
Vivam os mendigos, oprimidos!
Viva à elite robusta deste País!
Vivam às ideologias pregadas
E negadas pelos criadores!
Vivam os devastadores da Mata Atlântica, 
A Floresta Amazônica!

Viva o poder paralelo!
Vivam os escândalos que se transformam em pizzas!
Vivam os assassinatos de jornalistas!
Vivam os assassinos de exilados políticos 
Que negaram suas ações.

Parabéns aos que construíram esse País
De desesperança, preconceito, de medos,
E aqueles que criaram o “Ordem e Progresso”!
Vivam os mais de 500 anos de colonização portuguesa!
Viva o nosso ouro roubado, 
Transformado em fuzis de desesperados!
Vivam os mártires hipócritas do Brasil!

SOU O QUE SOU

Quem disse que sou louca?
Só porque rasgo verdades saídas 
Das páginas hipócritas de jornais,
Desengasgo insatisfações,
Observo o suor frio 
Que desce da garrafa de vinho.
Reclamo do cheiro de cigarro,
Que me incomoda.
Grito alto,
Devolvo flores que me oferecem,
Guardo fotos do passado,
Faço jejum de beijos ingratos,
Não tenho medo de ameaças.

Sou uma andante, errante, vagante,
Fora da lei dos homens,
Quebro tabus ultrapassados,
Fujo de dogmas,
Sigo o “Carpe Diem”,
Sim, sou eu uma louca,
Vejo o mundo com visão periférica,
Através do papel celofane,
Sou louca porque tenho preconceito
Dos loucos que não vivem,
Porque gosto de músicas perfeitas,
Formulo receitas,
Absolvo suspeitos,
E dou vivas ao Libertas “Quae Será Tamem”.

SINA MINHA

Na vida, a travessia
Por grãos de areia.
São quilômetros percorridos,
Lençóis de água navegados,
Eu aqui, segurando uma bagagem,
Sina minha,
Ela está nas minhas costas,
Pronta para ser montada.

Em base fértil e sólida,
Aqui vou eu,
Atravessando galhos, pedras, pedregulhos,
                                              [lixo]

Caminhando por entre espinhos e flores,
Absorvendo das rosas o perfume ideal,
Querendo encontrar o tão sonhado mar,
Desejando que chegue o meu “Dia de Maria”.

Continuo aqui,
“Caminhando e cantando”,
Enfrentando fantasmas,
Temidas bruxas,
Enganando-me,
                        [por vezes]
Aprendendo,
                    Amadurecendo,
E lá vou eu, aos moldes de Maria.

AMBIÇÃO

Depois de ter dividido o planeta Terra,
O homem quer dividir a Lua,
Os animais, o espaço, o sol, os polos.

O homem é o próprio lixo,
O lixo espacial é mais puro.

O homem boia no sanitário que construiu,
Homem que domina o espectro,
É espectro de si mesmo,
Numa freqüência de canalhice, burrice.

DUREZA

As pedras que atrapalham tua caminhada,
Os cadafalsos que te armam ciladas,
Têm muito mais a dizer,
Que as flores que perfumam o teu jardim [ou a tua manhã].

BELO HORIZONTE

O horizonte é essa linha visível,
Que separa a Terra do infinito,
Que pontua o limite do mar,
Da montanha, do corvo faminto,
Que intermedeia o pôr do sol,
A fronteira incalculável.
É também o divisor
Do mundo e do submundo,
Da renda dos miseráveis,
E do poder da elite sedenta.

Esse belo horizonte é o limite do homem,
E do Deus criador e bondoso,
Cujo amor não distingue os filhos,
Simplesmente piedoso,
O horizonte é belo, intocável.

(Belo Horizonte, setembro de 2017)

VOANDO NAS NUVENS

A cidade dorme, eu voo.
Eu vou...
Levitando no céu estrelado,
Orgulhosa do momento,
Observando as três Marias
E a plumagem das nuvens arredias.

Ai como sonhei...
Foram tantas noites da minha infância...
Vejo o mundo por um pequeno espelho retangular,
Vejo a cidade pequena de cima...
Que sensação!
Sinto-me superior.

Olha! Agora está tudo escuro,
Não vejo as luzes da cidade.
Como é prazeroso voar,
Ouço uma trilha sonora
Que meu cérebro preparou.

Bendito seja Deus!
Inteligente seja o homem!
Obrigada Santos Drumont!

Tantas vezes do chão observei
Esses objetos voadores,
E ouvi o canto que rasgam no ar.
Não é ruído!
É uma música de liberdade...

Quantas vezes saí de dentro de casa,
Para o meio do meu terreiro,
A procura desse encanto,
Para contemplar a beleza desse espetáculo.

À noite a luz vermelha piscava,
Sorria para mim,
Chamava-me,
Subitamente abandonava os meus cadernos,
Embriagada pela sonata desse canto.

Eu só queria apreciar,
E uma coisinha pedir,
Algo inocente:
Digno de uma menina de 6 anos:
“Aviãozinho, aviãozinho,
traz uma irmãozinha para mim?”.

E de pirraça ou ironia vieram três,
Três lindas garotas.
E nunca mais fiquei sozinha.
E ele ainda me levou 
Para tantos pontos cardeais do mundo.

Obrigada, aviãozinho!


DEVANEIOS I

Pílula de farinha
Que ameniza a dor,
Risco de vida,
Pílula impostora, temor.

Devoradora de sonhos,
Que abre feridas e deixa fendas - sem vida.

Pílula de versos,
Veneno amargo sem cura,
Injeção de ódio e amor,
Antro da inspiração,
Que deixa poetas em estado de transe,
Transforma-os!

Vagam... vagamundos,
Não! Vagabundos!
Espectros selvagens,
Doces almas penantes.
Pobres dos poetas!

DEVANEIOS II

Os versos meus são:
Transgressão, perdição,
Ladrões de segredos.
Invadem-me,
Sem pedir licença,
Rendem-me aos caprichos da inspiração.

O mundo me condena,
De poeta sonhadora,
E eu em minha arena,
Digladiando-me...
Não sou impostora!

Fazer poemas é meu vício,
O vício dos vícios,
Não quero mais...
Socorro! SOS!
A paz!

CANTO DE SAUDADE - PICOS

Tenho saudades de ti,
Minha linda e terna cidade,
O teu sol em minha pele faz falta,
Digo isso por necessidade.

Das lembranças que trago comigo:
O teu mel, o teu povo, o teu chão,
São marcas da tua riqueza,
Em meus versos a te exaltar.

Carrego teu nome no peito,
Recitando-o aonde eu andar.
Renegar-te, nunca, jamais.
A ti, querida, quero saudar.

Minha cidade dos sonhos,
Que cultivei quando eu era menina,
Camões não teve o prazer de oferecer-te versos,
Pois é a mim que tanto fascina.
Deixei-te em busca de dias melhores,
Mas tu vives em mim, pequenina.

Como quero voltar em teu solo...
Cultivar-te com férteis sementes,
Olhar nos olhos doces e generosos,
Da minha amada gente da gente.
Digo e repito: simplesmente, sou picoense.

Terra de ricas lembranças,
Da minha infância alegre e tenaz.
Me pus gente bebendo água da fonte,
Dos teus vastos e puros mananciais.

Oh! Querida cidade altaneira,
Linda terra de céu estrelado,
Amo-te muito,
Oxente, querida!
Minha Picos pra sempre lembrada.

CONFUSA INSPIRAÇÃO

Pensamentos entorpecentes adornam o meu cérebro,
Confundem-se com o calor,
São saltitantes sentimentos,
Pensamentos eloquentes,
Loucas sensações momentâneas,
Devaneantes,
Não têm hora para chegar,
São como uma música perturbadora,
São íntimos pensamentos
Que amargamente afloram,
No lustre do véu da noite,
Da madrugada, do amanhecer,
Inspiração de poeta,
Confusões de palavras,
Vazio de emoções, 
Com e sem prazer.
Um presente para uma noite agonizante...
Pronto! Acordei! Escrevi-os.
Agora me deixem dormir!

PRECE

Conta a conta do terço,
Cada uma, uma Ave Maria,
Ó Pai-Nosso vizinho da cruz,
Cruz de espinhos (mal feitora e perversa),
Nosso senhor, ajude-me a carregar a minha!

A VIDA

Como hímen que se rompe,
Um ciclo que se fecha,
Uma palavra dita,
A infância perdida,
Erros sem correção,
A vida é somente uma.
Torne plena a sua existência!

FIM POR UM FIO

Eu via
Na via
Da vida
Uma linha.
A via da vida é fugaz.
O fraco aqui jaz.
Na via da vida vive mais
O pobre tenaz
E rico sagaz.
E você, o que faz?
Eu vi na via da vida
Uma ação, sem ficção
Na televisão, a desgraça
Havia um avião
Com asas quebradas,
Estilhaços de vidraça,
Fumaça e destruição.
Com gente da gente banida
Dissolvida...
No chão!

ATENTOS!

O esquerdo quer passagem,
E soluções, e desfrute.
Nada se cria,
Lavoisier já dizia.
Tudo se transforma.

Em nome do poder pelo poder,
Tudo cria conveniências e formas,
Então, nada de discurso barato,
Nada de fogo cruzado,
Esquerdo agora é Direito,
Direita virou Esquerda,
(Para trás o passado!).

Desavenças no passado,
Pelo poder dignidade se corrompe,
Promessa se desfaz,
Pobreza se resolve,
Num fácil discurso mágico.
Falácias.
Deus salve os políticos
De suas próprias ameças.

Política, teu nome é poder e dinheiro.
Ou seria corrupção? 
Poder. 
Vencer.
Porque perder!?
Nunca! Jamais!

LENTE SUBJETIVA DO MEU EU

Quero a ti, sim, amado meu,
Na distância máxima em que meus olhos podem alcançá-lo.
Quero a ti, na distância mínima de compartilhar
O “dolce della vita”.
Caminho por sobre o espinho,
Com o estímulo de sentir a dor de estar viva,
E poder te olhar.
Para mim fome tem um novo significado:
a medida da resistência do meu corpo,
Dizendo-me que preciso me nutrir,
para ter forças e te encontrar.

O amarelo do sol se transmuta em azul,
Quando estás diante de mim.
És meu futuro do pretérito,
Imperfeito mais-que-perfeito,
Sonho imperativo de amor,
O subjuntivo do desejo intrínseco.

Registrar-te-ei na lente subjetiva do meu eu,
Cada gesto, cada átomo seu.

O PALCO I

O palco opaco
Da platéia
Abriga
O palhaço do circo
Da vida

O PALCO II

No mundo há muitos loucos,
Loucos que procuram amar,
Loucos que procuram o mar,
                   [a fama, a cama, a dama]
Nesta tirania,
Há muitos procurando um rei,
Um rei sem castelo,
Ou um castelo sem rei?
A multidão quer um rei,
Ídolo que arrasa multidões,
Um povo não pode viver sem majestade,
                                                        [ou ilusões]
Os reis da Terra, irmãos da ambição,
Já estão no palco cantando em versos ou prosa,
Enfim, suas belas canções massificantes...
Pop é ser rei. Rei é ser pop.
Nas arquibancadas,
O povo grita fervoroso
O nome do seu senhor
E assiste o jogo da vida.
O pão do circo já está servido.
O homem quer ser rei,
Senhor da vaidade,
Dominar o botão da bomba nuclear,
Do núcleo atômico que policia a Terra.
“Tá dominado.
“Tá tudo dominado”.
A arte, o jogo, a política, a razão...
Os respectivos reis já cumprem vaidosos
Seus respectivos papéis.

O PALCO III

Os cantores nos shows,
Os jogadores nos gols,
Bush na guerra,
Sadam humilhado,
Debaixo do chão,
Bin Laden arrasado,
Debaixo do mar,
Obama e Michele 
Em busca de esperança.

Holofotes da fama.
E o povo na platéia
Admirando bobo os seus reis.
Os reis da terra,
Da cidade, do mundo.

A cidade tem homens devastadores,
O mundo tem bichos predadores,
A cidade tem pernilongos, ratos,
                                [fossas e maldades]
O mundo tem jeito,
A cidade tem gente.

BRASIL DOS MEU 12 ANOS: SONHO E ILUSÃO

Ó minha pátria amada,
Minha nação querida,
Meu país de sonhos, minha pátria vívida.

Ó, natureza da minha nação,
Tu és tão bela, tão admirável,
Ó, minha natureza inigualável.

Ó, pássaros de minha nação,
Cantem para mim uma linda canção,
E de seus lábios chegarão
O acalanto para meu coração.

Rios belos, rios admiráveis,
Não deixem suas águas faltarem,
Nelas quero matar a minha sede,
Gota a gota, inesgotáveis.

Ó Pátria amada, ó meu Brasil,
Tu és meu consolo, meu abrigo, meu lar,
Com a sua natureza a me guiar;

Brasil de crianças,
De esperanças e mudanças
Teu povo é sonhador,
Teu povo é sofredor.

Meu Brasil que me guia,
Crie bocas para eu falar a verdade,
Braços para segurar os que caem,
Pernas para sustentar-me no chão,
Olhos para realidade ver,
Forças para eu vencer,
Vencer, vencer, vencer,
Meu Brasil, eu amo você!


BRASIL DOS MEUS 21 ANOS: VIOLÊNCIA, CORRUPÇÃO E DESILUSÃO

Meu Brasil,
Terra de impossibilidades,
De fome, miséria e dor,
Meu Brasil de corrupção,
De tristeza, de temor,
Pátria minha,
[Afogada em corrupção]
Terra de latifundiários,
Que mata povos indígenas e sem-terra,
Pois dignidade é luxo no teu chão.

Terra de metralhadoras ambulantes,
Cujos projéteis atravessam corações de inocentes,
E a alma dos órfãos e das viúvas.

Parabéns, meu Brasil brasileiro,
Por aceitar a destruição da Mata Atlântica,
Da Amazônia,
Ter suas árvores contrabandeadas.

Este é meu Brasil!
Cujos representantes
Dividem como urubus
O suor da sua nação,
Degladiam-se no anfiteatro
Da mídia em nome da corrupção,
Esquemas, escândalos, desmandos...
Quem conseguirá vencer?

Brasil, terra querida,
Canto-te de orgulho
Nos meus versos,
Porque tua música aqui vibra,
Teu poder paralelo age,
E o teu povo sofre,
Trancafiado, 
Poucos blindados e em muralhas,
Temendo findar nesta terra,
Encravados de balas perdidas [ou achadas?]

Ó pátria minha, te exalto!
A tua miséria é como alma penada,
Sai tomando as favelas,
Os corpos das nossas mulheres,
[Violência]
Para o gozo dos famigerados e abastecidos
                                               [e abastados]
Filhos teus e de outras nações.

Brasil, já mostraste a tua cara.
Cadê o sabiá pra cantar?

RETRATOS VERDE ANIL

Nem flor, nem espinho
Que embaraço
De falsas promessas,
Vazias e imundas.
E o povo ficando em estilhaços,
Catando pedaços, no meio do mundo.

Quantos cacos! 
Que ilusão!
Quanta gente sofrida!
Que vida de cão!

O Diabo sorri, dá gargalhadas,
Soltando piadas dos pobres coitados
À margem da razão,
Que vivem em barracos, favelas e pontes,
Sem base, nem eira,
Nem sonhos, sem chão.

Dívidas aumentando,
Mais filhos chegando,
Velhos candidatos,
Mais estilhaço,
Muita corrupção!

A MEU VELHINHO QUERIDO

Meu vovozinho,
Velhinho do meu coração,
Como dói minha alma,
Em tê-lo agora tão longe,
Não é que eu seja egoísta,
Em não querer dividi-lo com Deus,
Só queria que estivesse comigo,
A compartilhar dos sonhos meus.

Quem escreve é a sua netinha,
A quem tantas vezes confessou amar,
O tanto que eu te amo,
É como o tamanho do Brasil,
Igual às suas orações,
Do Oiapoque ao Chuí,
Pedindo pelos irmãos.

Sinto que o mesmo beijo que te levou,
É o mesmo que te acordou no Paraíso,
Segura na mão de Deus,
E segue para Canaã,
Que um dia te encontrarei.

SERENA SEREIA - AUTOBIOGRAFIA

De repente, um dia,
A dor da perda estende os braços,
Promete aconchego.
Tem o canto dissimulado de sereia.

Sereia Serena, comum segredo.
Mas Serena Sereia não passa dum pássaro cruel,
Que resolve pousar,
Retorna num verão qualquer,
Transformando a vida
Num inverno escuro e deprimente.

É uma atriz perspicaz,
Cada vez que retorna,
Usa uma máscara,
Uma mutação, 
Um agente que faz doer de forma diferente,
Uma águia impiedosa,
Que devora a serpente.

É como gripe,
Que nunca se contrai a mesma.
E a cada abalo,
O corpo cria um mecanismo de defesa,
Para atenuar o vírus específico.

É uma dor que nenhum coração tem imunidade.
Cada vez que vem,
Faz sofrer como se fosse a primeira.
Essa tal dor sempre dói.

ODE À VIDA, DEPOIS DA DOR. AUTOBIOGRAFIA

Nasce uma flor,
Depois de tantas lágrimas... e uma década,
Depois que passou um trem cruel,
Que levou nos seus vagões
A colheita de Jasmin,
É uma bela flor...
Mesmo tendo sido regada por lágrimas.
Uma flor depois da dor,
Cultivada em terra seca,
Semeada com o preço da morte,
É agora a semente do amor.
Essa flor nasce bela, viçosa,
É a mais linda flor existente,
Agora a flor da saudade,
Mas onde guardá-la?
Está solitária, neste relicário...
Melhor levá-la do vaso desta janela,
Para que cresça em terra firme, reproduza-se,
E enfeite outros jardins.
Viva a vida!
E boa sorte!

ODE À DOR - AUTOBIOGRAFIA


Nana, menina,
Que a dor já passou,
O dia acabou,
A porta fechou,
O trem mau está indo...
Só volta depois.

Não chores mais,
Que o sol já vem vindo,
O dia está lindo,
Encare-o!

Menina, eis o teu pai,
Mundo, eis a tua filha!
Nana, menina, seja forte!
Cuidado com a má sorte!
O homem lá fora é cruel!
Muito tens a aprender,
Qualquer coisa, menina,
Lembra-te de Deus!

A VIAGEM

Vasto cosmo, infinito,
Esse imenso mundo meu,
És tu, meu labirinto,
Meu mais doce e belo breu.

Viajar pelo mundo teu,
É encontrar novos planetas,
Chegar a Marte, à Via Láctea, enfim...

Estás em minhas articulações,
E me dás mobilidade,
Estás em minhas veias,
(Sua essência corre por elas).

És meu "haima",
És minhas vértebras,
Minha sustentação,
A contração dos meus músculos,
Meu sorriso,
O ar que respiro,
Meu brio,
Meu mundo eu, é teu!

A DOR

Chega sutil,
Serena,
Tímida...
Vem sem avisar,
Ri descaradamente,
Como uma pessoa megera.

EXCÊNTRICAS SENSAÇÕES

Frio mudo, surdo,
Noite solitária,
Só se ouve o batuque do peito,
Arritmia...
Inquietação da alma...
Calma!
É uma ânsia, de um não sei o porquê.
Você!
Um fantasma em mim,
Lembrança que me aliena e envenena.
Sinto-me embriagada.
Porre maldito!
Tua imagem parasita o meu eu,
Está gravada, encravada.
Meu bem, mal, muito mal resolvido.

ESTRANHO AMOR DE POETA

Tu és o habitante das minhas ilusões,
O meu poço inesgotável de inspiração,
Meu mundo real, irreal, surreal,
Um amor divino, espiritual,
Despertas em mim sensações indescritíveis,
Fazes meu coração palpitar,
Mas meu corpo teme tocar o teu...
És um amor que dá medo!
És o homem dos meus desejos,
Que nunca devem ser consumados,
Teu simples olhar me hipnotiza,
Parece me esperar...
Tu inspiras-me,
Instigas-me a escrever os mais belos versos.
Prefiro que seja sempre assim.

EXISTO!

Canto, no entanto, evito sofrer.
Choro, portanto, eu quero você.
Escrevo, porém, não podes me ler.
O teu passo, entretanto, não posso saber.

Não posso, todavia, parar e esperar,
Destino cruel nada pode fazer,
Sigo, então, triste sem ti.
Amo-te, logo existo!
Amo-te, meu amo!
Mas existo.

ANTES CEDO DO QUE TARDE!

É o que há agora:
Guarda-roupa, cama, sonhos,
Império vulnerável, contos,
Desengano, utopia de amor.

Há também tapete, som, sonhos,
E um espelho para refleti-los,
Que também reflete o nosso fracasso.

União desunida,
Laços desatados,
Alianças vendidas,
O amor?
Perdeu-se na colônia dos anjos.

Agora há dor e velhos sonhos,
Poeira de traição,
Vitória do anjo mau,
Aflição!

A chama ficou acesa,
Até o último instante.
Cuidei de ti,
Como uma mãe a um filho,
Velei tuas noites insônias,
Senti tua dor,
Preferiste seguir...

Missão cumprida!
Adeus, (falso) amor!
Sigo em busca da realidade,
E a única certeza que tenho,
É que ainda sou dono de mim.

(Poesia dedica à amiga Rita de Kássia)

QUERO VOCÊ

És minha cachaça, uísque,
Vinho tinto, espumante.
Tu me inspiras,
Excitas meu cérebro,
Meu corpo,
Meu pulsar.
Senhor Estrela Perdida,
Onde será que estás?
Quero-te, agora,
Neste instante presente,
Ou cometerei ambiguidades,
Hipérboles, cacofonias, metáforas,
Todos os erros de Português,
Tu és meu bendito delírio!

EXORCISMO REAL!

Quero absolver a pena,
Aplicada por ti a mim,
Matar tal desejo,
Arrancar-te do peito,
Quero ser uma andante,
Um pássaro nômade,
Em busca de um “Amor de Salvação”,
Voar pelos campos,
Metrópoles, necrópoles,
Não importa!
Quero liberar o meu pranto,
Viver o belo, entoar meu canto,
Exterminar-te de mim,
Apagar todos os teus rastros,
Transformar em cinzas as tuas lembranças
Depois soprá-las ao vento.
Caso insistas em ficar,
Invoco um exorcista!

AH, NÃO!

À beira do cais mirei os teus olhos
    À Beira do cais mirei os teus...
       À beira do cais mirei...
          À beira do cais...
             À beira do...
                À beira...
                   À- Ah!Ah!Ah! Ah!
                      Socorro!      
Estou à beira da falta de inspiração...

OFFLINE

Tu há tão pouco presente,
Agora passado, um vulto ausente.
Lembranças, letras,
Fotos e canções,
Agora guardadas na caixinha de recordações,
Na caverna de desejos,
Nos meus mares abissais,
Em meus arquivos digitais.

MEU CONCEITO DE "AMOR"

Amor é aquilo que fica,
Essência natural, atrevida.
É aquilo que nasce,
Num momento inesperado,
Talvez errado,
Sem explicação,
Sem luz da razão,
Amor: você!

SIM, É VOCÊ!

Amor, meu lindo amor,
Por ti construo e destruo,
Choro e sorrio,
Sou rio, mar, sol, lua,
Lua cheia, meia, quarto, crescente ou rebelde,
Lareira, labareda,
Crio e recrio letras, canções, poesias,
Invento e desvendo o meu mundo.

Amor, meu lindo amor,
Com você troco fluidos,
Bactérias e sonhos.

Por você sigo sem medos,
Desenformo desejos.
Nossa história vale tudo,
Por você recito cantadas,
Absurdas, cafonas e ultrapassadas.

Você é o néctar que preciso,
O futuro traçado na linha das minhas mãos,
Sem espaço para a razão.
O remédio que me cura,
A neblina da minha noite fria,
A brisa que bate nas minhas costas,
A beleza do mar,
O sonho que tenho,
O único amor que acredito.

PROCURANDO POR TI

E era pra ser um encontro,
Bem que um dia quis te encontrar,
Te reencontrar, te redescobrir.
Já que o mundo parou,
Você me deixou,
Esperando por ti.
Como era pra eu te encontrar,
Andei mais veloz,
Em ruas entrei e saí.

Numa artéria pensei: era ali.

Mas enganei-me,
Ainda não era você.
Então insisti, queria te ver,
Andei e esqueci: não tinha você.

Ai meu amor,
Queria tanto você!
Tu andas devagar,
Ou depressa demais.
Assim eu vou te perder.

Só mais um pouquinho,
E vou te encontrar.

Estava acabando a minha procura,
A estrada estava no fim,
Nenhuma rua, praça ou esquina
Quis me encontrar com você.

Cheguei à reta final,
Olhei para os lados,
E nada...
Tive então que entrar,
Abrigar-me, proteger-me.

Soube por outros que chegou atrasado,
Parou, olhou para os lados,
Eu já não estava por lá.

Continuei a te buscar,
Andei, naveguei, e nada!
Encontrei um sábio senhor,
Chorei sem cessar,
Por te procurar e por te relatar.

Quando eu já ia partir,
Ele me fez descobrir:
Com o tempo, tempo... tu estavas em mim.

ALQUIMIA MALUCA

Seus olhos nada me dizem,
Só me confundem.
Tu me preparas armadilhas,
E eu, de praxe, caio nelas.
Vilão disfarçado de mocinho,
Envolve-me,
Eu nada percebo.
Tu me tomas de amor,
Despede-se em minha dor,
Inconstância que me aliena.
Estou certa de que descubro os mistérios,
Desvendo segredos e fórmulas,
Que criaste para me enfeitiçar.
És "estúpido vampiro",
Alquimista atrevido.
Ainda encontrarei a saída,
Para arrancá-lo do meu peito,
Ou envolvê-lo completamente em meus dias,
De jeito,
E esta será a revanche!

MAGIA DO EXISTIR

Eu sou a flor do campo,
Que enfeita a relva ao teu redor.
Vago pelas florestas,
Levando o meu amor,
Tal como uma nuvem branca.
Espalho plumas de sonhos em tuas mãos,
No teu ouvido canto,
Como um lindo beija-flor.
Assisto o nascer e sol se pôr,
Incido raios e os distribuo
Por todo o horizonte da tua existência,
Pelas savanas da África, 
Pela selva Amazônica, Patagônia,
Distribuo versos e te recito,
Como um trovador.
Sou humana, romântica e moderna,
Uma mistura de tendências.
Sou a luz que ilumina e guia teus passos,
Sou uma pequena representação da luz do dia,
Sou também a luz do sol,
A margarida que enfeita teu jardim.

A MINHA MÉTRICA

Tu és meu canto, agudo e desafinado,
Meu mais doce poema de amor e ódio.
Tenho a tua essência metrificada, 
Abstrata,
Em minhas sextilhas,
Em meus tercetos, quartetos...
És o meu mais arcaico e moderno soneto,
Esmiuçado em versos.
Traduzo-te na minha língua,
Derramo-te nas minhas lágrimas,
Comemoro-te no meu riso,
Na minha retina [adrenalina!].
Tu és meu eu,
Pulsas em mim,
Juntos, somos pré e pós-modernos,
Contemporâneos,
Escritos para o mundo.
Sou simplesmente
A tua poeta.
És, contudo, o meu amor!

MEU CONCEITO DE "AMAR"


Amar é reconhecer
O cheiro, os passos, a respiração.
Amar é verbo que queima,
Sublimado por Deus.
Até os brutos podem,
Mesmo fora dos padrões,
Os corruptos e loucos também.
O amor é dom,
É trilha de dois caminhos,
Paralelos e cruzados,
Atalho que se constrói,
Mas pode deixar estilhaços,
Os céticos e cientistas também amam.

DOCE E AMARGO PECADO

Esse pecado... [doce e amargo],
Custa-me dias, noites em claro,
Sem intervalo,
Invade os meus nervos,
Causa-me devaneios.
Amor displicente,
Por que não te vás?
Pior que a serpente de Gênese,
És envolvente, encantante,
Doce maçã atenuante.
Enquanto isso, aqui fico eu,
Sofrendo condenação,
Deste "morcego", dos anjos,
De todos os homens, “santos” e Deus.

À MÍNGUA

Ah! Esse sentimento recalcado e sedento...
Sim! Ele vive aqui,
Como um pássaro feliz na gaiola.
Insiste em ficar, nada de voar.
Eu desejo que vá,
Mas também quero que fique.
Um sentimento vivo, forte,
Aliado e inimigo.
Esse amor consome e confunde,
Não é efêmero,
É enfermo que insiste em viver.
Não é frio e cálido,
Ele pulsa quente,
Como sangue de vivente,
Como desejo de virgem.
Gladia-se em meu eu.

POR TI

Por ti pago pecados,
Conta tão grande,
A ser acertada nesta e, até, noutras vidas.
Eu fico aqui neste canto,
Lugar sombrio, frio,
Morfando num espaço vazio,
Vivendo tormentos,
Ouvindo a chuva e o vento,
Confesso: tenho medo,
Não quero ser um espírito a vagar por ti.

AMOR

Quando eu te encontrar noutra vida,
No paraíso ou na terra,
Quero que saibas:
Sou tua Eva,
No entanto, além da maçã,
Ofereço meu sincero amor.